Narram os Evangelhos que um moço rico buscou o jovem Rabi da Galiléia, em certa tarde em que os acordes da natureza soavam belezas na paisagem. O moço rico, cujo nome os evangelistas não registraram, vinha em busca de uma resposta para a sua indagação. Indagação que lhe corroía a alma, desde há muito. Que devo fazer para herdar a vida eterna? O Mestre falou-lhe dos mandamentos, mas o moço rico afirmou que esses, ele os seguia desde a sua mocidade. Voltou-se o Mestre para ele, fitou-o profundamente, com Seus olhos da cor do céu, e fez o convite: Vem, e segue-Me. Sabemos, pela narrativa evangélica, que o moço rico voltou as costas para o meigo Nazareno e foi buscar as glórias efêmeras, nas corridas de bigas, com seus cavalos árabes, na tentativa de conquistar para as cores de Israel mais uma vitória. O jovem rico tinha conhecimento das leis e as seguia. Temeu, no entanto, abandonar o que mais prezava: o aplauso das multidões e os louros das vitórias nas arrojadas corridas de bigas, em que era um ás. * * * Toda vez que a cena evangélica nos é reavivada na memória, lamentamos a escolha do moço rico. No entanto, será que nós, ao menos seguimos os mandamentos? O Decálogo prescreve: Não matar! Diremos, possivelmente, que nunca matamos. Será mesmo? Será que nunca matamos as esperanças de alguém, falando afoitamente? Será que não matamos os sentimentos, os ideais de alguém, a alegria, agindo de forma leviana e inconsequente? O Decálogo ensina: Não roubar! Afirmamos depressa que jamais tomamos algo que não nos pertencesse de forma legítima. Mas, será que nunca roubamos a felicidade, o equilíbrio de alguém, com nossas palavras ou com nossas atitudes? Será que nunca roubamos a liberdade do nosso próximo, sua paz? Nas normas recebidas por Moisés, no Monte Sinai, encontra-se: Não dirás falso testemunho! De imediato, diremos que jamais dissemos algo nesse sentido, de quem quer que seja. Será que não medimos e apontamos as atitudes do próximo, será que não vemos e relacionamos, com prazer, erros e defeitos alheios? Não nos comprazemos com as gafes de alguém ou não menosprezamos valores alheios? Honrarás pai e mãe! Será que honramos nossos pais com nosso carinho, respeito e atenção? Temos tido com eles paciência, em especial com aqueles de idade avançada? Neste breve exame, com certeza, descobriremos muitas falhas em nós, demonstrando a nossa imaturidade espiritual e a nossa inconsequência. Por isso mesmo, as lições devem ser repetidas para nós inúmeras vezes. Para que as incorporemos na intimidade e as coloquemos em prática. É por essa mesma razão que Jesus prossegue de braços abertos, a nos convidar ao bem, através dos versos harmoniosos traduzidos nas páginas dos Evangelhos. Amai-vos ... Sede perfeitos... Vinde a mim... * * * Ao homem compete sempre a opção do melhor caminho a seguir. Contudo, será sempre responsável pelos seus atos, pois como se lê no Velho Testamento, no livro do Eclesiastes: Há tempo de plantar e tempo de colher... Há tempo de espalhar pedras, há tempo de recolher pedras... Há tempo de chorar, há tempo de sorrir...