Em uma passagem do Evangelho, Jesus afirma que não se deve resistir ao mal. O significado dessa assertiva certamente não é o de deixar que o mal cresça e se aprofunde, onde quer que se apresente. Malgrado Sua bondade e Sua doçura, Jesus muitas vezes usou de energia para combater o mal. Por exemplo, ao Se posicionar contra o comércio no recinto do templo. Ou nas oportunidades em que lamentou a hipocrisia reinante em Sua época. Ele também foi claro ao afirmar que se deve orar e vigiar. Ou seja, cuidar para que o mal não penetre na própria vida, em especial por intermédio dos pensamentos e sentimentos. Nesse contexto, parece coerente interpretar não resistir como não valorizar o mal. Quando se valoriza algo, ele cresce em importância. Quem vive assombrado por certo vício torna-se escravo dele. A pessoa que se mortifica a cada palavra mal posta fragiliza a si própria. Passa a se considerar indigna por cometer alguns equívocos, pela desmedida importância que lhes empresta. Sem dúvida, é necessário vigiar para não cair em tentação. Manter-se atento para não se perder em variados vícios. Contudo, não é conveniente viver alarmado pela perspectiva do erro. Se um pensamento surge na mente, a melhor forma de torná-lo importante é lutar contra ele, com desespero. Isso implica reconhecê-lo como uma poderosa e real ameaça ao próprio bem-estar. O mesmo vale em relação à vida em sociedade. Se alguém comete um erro, prestar excessiva atenção nesse equívoco lhe dá um realce todo especial. Em sua natural falibilidade, os homens se equivocam. Entretanto, também acertam bastante. Todos têm muitas virtudes que podem ser trabalhadas. Mesmo os que inspiram antipatia têm o seu valor. Caso se preste muita atenção em suas fissuras morais, deixa-se de perceber suas virtudes. O que se valoriza, invariavelmente, cresce em importância. Se você optar por identificar e apreciar o bem que há no próximo, terá mais facilidade para gostar dele. Tal não significa ignorar defeitos, quando existam, e mesmo se prevenir contra seus efeitos. Mas apenas não resistir a eles, no específico sentido de não colocar muita força emocional nesse processo. Quem erra também acerta, eis um fato. Se você tem maus pensamentos, também os tem bons. Quando surgir em seu mundo íntimo algo desagradável, perceba a presença daquele pensamento ou sentimento. Depois, com tranquilidade, deixe que ele se vá, como um visitante passageiro e indesejado. Se você errar, reconheça a ocorrência, mas não se sinta perdido ou pervertido. Assuma de forma serena as consequências do que fez e as repare. E trate de seguir em frente, valorizando e vivendo o bem que há em você e no próximo.
terça-feira, 25 de maio de 2010
Não resistir ao mal
Em uma passagem do Evangelho, Jesus afirma que não se deve resistir ao mal. O significado dessa assertiva certamente não é o de deixar que o mal cresça e se aprofunde, onde quer que se apresente. Malgrado Sua bondade e Sua doçura, Jesus muitas vezes usou de energia para combater o mal. Por exemplo, ao Se posicionar contra o comércio no recinto do templo. Ou nas oportunidades em que lamentou a hipocrisia reinante em Sua época. Ele também foi claro ao afirmar que se deve orar e vigiar. Ou seja, cuidar para que o mal não penetre na própria vida, em especial por intermédio dos pensamentos e sentimentos. Nesse contexto, parece coerente interpretar não resistir como não valorizar o mal. Quando se valoriza algo, ele cresce em importância. Quem vive assombrado por certo vício torna-se escravo dele. A pessoa que se mortifica a cada palavra mal posta fragiliza a si própria. Passa a se considerar indigna por cometer alguns equívocos, pela desmedida importância que lhes empresta. Sem dúvida, é necessário vigiar para não cair em tentação. Manter-se atento para não se perder em variados vícios. Contudo, não é conveniente viver alarmado pela perspectiva do erro. Se um pensamento surge na mente, a melhor forma de torná-lo importante é lutar contra ele, com desespero. Isso implica reconhecê-lo como uma poderosa e real ameaça ao próprio bem-estar. O mesmo vale em relação à vida em sociedade. Se alguém comete um erro, prestar excessiva atenção nesse equívoco lhe dá um realce todo especial. Em sua natural falibilidade, os homens se equivocam. Entretanto, também acertam bastante. Todos têm muitas virtudes que podem ser trabalhadas. Mesmo os que inspiram antipatia têm o seu valor. Caso se preste muita atenção em suas fissuras morais, deixa-se de perceber suas virtudes. O que se valoriza, invariavelmente, cresce em importância. Se você optar por identificar e apreciar o bem que há no próximo, terá mais facilidade para gostar dele. Tal não significa ignorar defeitos, quando existam, e mesmo se prevenir contra seus efeitos. Mas apenas não resistir a eles, no específico sentido de não colocar muita força emocional nesse processo. Quem erra também acerta, eis um fato. Se você tem maus pensamentos, também os tem bons. Quando surgir em seu mundo íntimo algo desagradável, perceba a presença daquele pensamento ou sentimento. Depois, com tranquilidade, deixe que ele se vá, como um visitante passageiro e indesejado. Se você errar, reconheça a ocorrência, mas não se sinta perdido ou pervertido. Assuma de forma serena as consequências do que fez e as repare. E trate de seguir em frente, valorizando e vivendo o bem que há em você e no próximo.